A pedido de muitas famílias, e após demoradas negociações com a administração da nossa SAP (Sociedade Anónima Provisória), aqui vai a reportagem do último jogo, assinada pelo Petit dos Pelados!
Jogo entre “Grupo de Amigos do SCA” e Jovens Lisboetas ou Alfacinhas (mas todos descendentes de gente da província).
O grande acontecimento teve lugar no passado dia 24 de Outubro, com a concentração do grupo de atletas a realizar-se no café do Domingos logo pelas 7 am. Neste pequeno momento foram ingeridas, pela maioria dos convocados pelo jovem Ganson várias sandes, superbocks e bagacinhos, o que deu os hidratos de carbono necessários para enfrentar a viagem até à estação de serviço de Palmela.
Pelo meio ainda houve a necessidade de recorrer à tecnologia GPS para definir o percurso a realizar. Como não existiu consenso, o percurso foi feito em linha, pela estrada e “pela ali”.
Zé Telefonias e Jerónimo, talvez por se deslocarem num automóvel topo de gama, gentilmente cedido por Manel Adriano (patriarca do maior “caceteiro” do SCA de todos os tempos), não conseguiram exprimir-se senão em linguagem gestual durante todo o percurso, tal era a forte concentração na táctica, ainda não completamente definida pelo sempre Mister Simões.A velocidade média foi de 70 Km/hora e num percurso com o mínimo de portagens, de forma a sobrar algum para pagar o almoço, que se previa ser de soma avultada.
A entrada por Lisboa, com passagem pela mata de Monsanto, deu para perceber que, a visita de estudo após o jogo seria de fraca afluência, pois os centros turísticos da zona encontravam-se encerrados para limpeza e descanso do pessoal.
À chegada ao estádio, com alguma dificuldade, pois a aglomeração de adeptos e simpatizantes era tal que apenas se conseguiu passar com um carro de cada vez pelo portão, deparámo-nos com um espectacular recinto desportivo, onde já se encontravam em fase de aquecimento os adversários do dia.
Aliás, os simpáticos alfacinhas já se encontravam em estágio desde a madrugada do dia anterior, num hotel de cinco estrelas da zona de Benfica.
Mister Simões foi rapidamente observar o estado do relvado, assim como as dimensões do terrenos de jogo, para poder proceder à execução da melhor táctica, e definir a equipa titular.
Desde logo se previa uma forte pressão ofensiva da nossa equipa, claramente de ataque, a apostar nos dois pés esquerdos de Nuno 45, e na cabeleira forte e encaracolada do representante mais velho da casa da matança.
No meio campo, pouco musculado mas com uma elevada criatividade, alinharam dois maestros do futebol alcaçovense, Paulo Dias e Guerreiro, devidamente escudados pelo velocista Zé da quina e pelo sempre sóbrio Ventanas. Na defesa o incontornável Ganço que encostou a sua ligeireza à elevada estatura da dupla de centrais, Motossera e Palaio, este último a denotar desde logo uma certa tendência para fintar a táctica do mister Simões, talvez devido à vontade de pode ficar com o seu lugar. Na esquerda Quim Mário esteve sempre ao seu nível, colocando-se estrategicamente entre o avançado e o extremo direito da equipa adversária, chegando quase sempre a tempo de os deixar cruzar ou efectuar uma jogada de perigo.
A pressão alta e o carácter ofensivo da nossa equipa durou até que as condições climatéricas começaram a puxar para o lado da equipa da casa, ai pelos 2/3 minutos de jogo.
A estratégia da nossa equipa não permitiu ao adversário enquadrar as suas marcações devidamente, o que provocou a presença dos seus atacantes, quase sempre em maioria, junto da nossa grande área.
Ao minuto 12, o mister Simões dar continuidade à boa prestação da equipa, iniciando uma sequência de substituições, que de certa forma baralharam ainda mais as insuficientes marcações do adversário aos nossos defesas, aparecendo muitas vezes dois e três atacantes para cada elemento das nossas linhas mais atrasadas.
O equilíbrio foi a nota dominante da primeira parte, de onde se destacará mais a forte marcação a que foram submetidos os números 7 de ambas as equipas.
Como prova da nossa inteira adaptação ao terreno e às condições de jogo salienta-se a expressão de um nosso atleta, que ao recepcionar uma bola, com a canela, a conseguiu direccionar para um adversário, ao mesmo tempo que exclamou “Éh lá”.
A finalizar a primeira parte, Motosserra não desperdiçou a oportunidade de beijar a bola, aproveitando um lance de canto a nosso favor. Este gesto resultou numa quase oportunidade de golo.
O intervalo foi passado à sombra, a hidratar os atletas com os vários garrafões de água que ninguém se lembrou de levar.
Após discussão da táctica a seguir para o segundo tempo, Mister Simões decidiu alinhar com a equipa que mais garantias lhe dava, optando por Zé António (Zé da quina e Ventanas) mais 10, o que nos levou a iniciar esta segunda parte com 12 elementos.
Perante este facto, após a equipa adversária renunciar a jogar em desvantagem numérica, os amigos do SCA submeteram-nos a tal pressão atacante, que levou a variadíssimas oportunidades de golo, sendo apenas a mais flagrante concretizada, pelo homem da matança, depois de um ligeiríssimo e imperceptível toque de qualidade, com a mão.
Pelos 20 minutos de jogo, começou a sentir-se um fenómeno, agora conhecido por jet-lag alentejano. A pressão atmosférica indiciando trovoada, aliada à elevada temperatura, percentagem de humidade do ar e estado do relvado, foram factores decisivos para, numa atitude altruísta e denotando grande fair-paly, a nossa equipa ter baixado o ritmo, de forma a deixar o adversário empatar o jogo, pois estavam já a denotar um certo cansaço físico e psicológico.
Continuando na mesma orientação da primeira parte, seguiram-se as substituições para baralhar o adversário, que teve como ponto alto, a saída de Jerónimo, após o melhor período em campo, de onde se destaca um belo passe de calcanhar que quase chegou aos pés do colega Veríssimo. Nesse período, até parecia que a nossa equipa estava a jogar com dois irmãos gémeos no ataque, futebolisticamente falando claro.
O jogo continuou a decorrer com a alta qualidade do costume, havendo até oportunidade de se discutir a ementa do almoço com o adversário. Foi numa destas fases de discussão verbal, que um dos elementos da nossa defesa foi informado que, caso não perdêssemos o jogo, a conta do almoço seria igual ou superior ao almoço da jornada da 1ª mão, em Alcáçovas. Rapidamente resolveu a questão, penteando a bola na direcção do nosso guarda-redes, que por também ter ouvido a conversa estava distraído e deixou entrar o segundo golo adversário.
O terceiro golo surgiu já nos descontos, quando a nossa equipa já se deslocava para os balneários, mas que ainda foi aceite pelo árbitro da partida, que também chegou a alinhar pelos lisboetas.
O almoço foi servido num ambiente de grande camaradagem. Por um lado os lisboetas que haviam vencido as duas mãos da competição e guardado a taça, por outro a nossa equipa que assim conseguiu garantir um bom e económico repasto.
O bacalhau, feijoada e pernil de porco estavam à altura dos intervenientes. Mais uma vez a nossa equipa não conseguiu vencer nas quantidades de comida ingeridas, muito por falta do nosso capitão, que esteve ausente, mas principalmente pela presença do elemento mais esguio dos lisboetas, que teve a possibilidade de encerrar o almoço com várias travessas vazias na sua frente.
De referir que a clientela habitual do restaurante, se habituou de forma natural à nossa presença, tendo debandado rapidamente.
Depois do excelente repasto, seguiu-se a visita social com destino à grande catedral do futebol mundial, o estádio da luz, onde se pôde observar o jogo de futsal entre as duas equipas da segunda circular, através das televisões existentes na catedral da cerveja.